quarta-feira, 20 de abril de 2011

“O MUSEU”

Manter tradições, no presente, para o futuro…

Desde sempre que as telheiras de Alvarães foram consideradas uma forma de arte, mas é com tristeza que deparamos que o último forno telheiro cessou as suas actividades há mais de três décadas, deixando assim de fabricar a telha regional e tão típica desta zona e um importante motor económico para esta freguesia.

A principal riqueza de Alvarães está no subsolo.

Desde as mais remotas épocas que em Alvarães são fabricados vários produtos cerâmicos, mas as suas afamadas telheiras, nem sempre foram no mesmo local.

Foi exactamente no lugar da Costeira, que num passado longínquo se construíram os fornos das telheiras, onde durante muitos séculos se fabricou a "telha vã", ultimamente conhecida também por "telha regional" e o chamado "tijolo burro", assim designado por ser um bloco maciço de barro, materiais que iremos abordar neste nosso trabalho, assim como toda a sua forma de execução.

E é assim que as Telheiras de Alvarães, no seu artesanato, se tornaram uma indústria nacional, cuja obra ficou conhecida durante séculos desde a Capela de Santa Maria da Vitória (hoje conhecida por Mosteiro da Batalha) à mais luxuosa habitação do Alto Minho.

Drasticamente, todo este património, no dizer de um grande estudioso, de muito valor artístico, caiu nas malhas do desprezo ou na indiferença do bairrismo Alvaranense. Sabe-se que esta actividade data da civilização romana, que de certo modo o nome dera terra e a ela está ligada, tendo acabado há poucas dezenas de anos. Nos vestígios que aí encontramos, muito haverá para dizer se pensarmos que nem um trabalho fotográfico nos foi legado de tanta beleza envolvida de carinho e esforço que tantos puseram em prática.

Para os mais velhos resta a verdade de uma faina exaustiva onde trabalho e miséria andavam sempre a par e a saudade da alegria comunitária que o dinheiro de hoje egoistamente traiu. Para os jovens de hoje resta a curiosidade e a busca da realidade histórica que lhes pertence sem ter que lhes diga o que foi e como foi trabalhar nas telheiras.

Está neste momento a desenvolver-se um enorme esforço pela autarquia, para preservar o que de bom existe, porque o futuro não perdoará aos responsáveis a demolição do derradeiro baluarte de uma época ligada a gerações e gerações. Alvaranenses desejaram com muita lógica, que um forno e uma pequena casa museu para abrigar uma estada e várias formas, fosse o mais representativo «ex-líbris» da nossa terra.

Paulo Vieira

Sem comentários:

Enviar um comentário